B4F

boletim informativo
EDITORIAL

Após um longo interregno, voltamos ao vosso contacto com o nosso boletim informativo.

Em Janeiro do corrente ano, último número publicado, demos conta do agravamento da situação sanitária que veio impedir o desejado regresso do bridge ao pano verde. De então para cá e de crise em crise continuámos a viver condicionados e sem previsões para o regresso à normalidade. O bridge online continuou a ser a solução possível. Foi então que em Fevereiro apareceu uma nova plataforma que, não resolvendo tudo, nos permite replicar através de som e imagem uma parte do ambiente do bridge em sala.

O Real Bridge tem permitido, para além da retoma de actividade de vários clubes, a realização de algumas provas oficiais das Associações Regionais e da Federação. Com a vacinação a atingir níveis de segurança muito significativos aí está, finalmente, o bridge presencial. A ARBL disputa o Campeonato de Equipas Mistas e a FPB prepara-se para pôr em andamento a 1ª fase do Campeonato Nacional de Equipas, com organização delegada à ARBN.

São, por certo, muitas ainda as reticências e os receios de muitos praticantes, mas há que seguir em frente e retomar a nossa actividade normal, desde que garantidas todas as condições de segurança quer das instalações onde as provas vão decorrer, quer do controlo na utilização dos materiais de jogo e na circulação dos praticantes em espaços fechados que, acredito, todas as entidades responsáveis estejam em condições de assegurar.  

Todo este inferno em que temos vivido pode ainda, assim espero, trazer ao bridge um complemento importante para a actividade competitiva e, acima de tudo, para projectos de formação. Com efeito as opções online oferecem excelentes condições para suprir problemas como falta ou exiguidade de espaços, para desenvolver iniciativas diversificadas como sejam, por exemplo, provas em simultâneo, debates, conferências, AG das AR’s e da FPB promovendo uma maior participação de praticantes na vida federativa. Pode ainda constituir-se como uma excelente ferramenta na promoção da modalidade. 

No que respeita ao B4F é do vosso conhecimento que o espaço físico onde vínhamos desenvolvendo a nossa actividade regular (CMN) não tem ainda condições para recomeçar. As mesas e o espaço disponível não são compatíveis com as exigências sanitárias em vigor. Estamos a procurar soluções alternativas e empenhados em regressar, tão depressa quanto possível, ao bridge presencial. Mas nunca disponíveis para soluções que ponham em risco a saúde dos nossos praticantes. 

Com ou sem espaço físico onde jogar iremos manter a nossa actividade online, seja em iniciativas competitivas, seja em acções de formação que estamos a preparar. Para já mantêm-se os torneios regulares às 4ª feiras, com classificações por torneio e acumuladas (em outro local deste boletim vamos dar conta das classificações acumuladas até ao momento) e estamos a preparar um torneio na modalidade de equipas em formato ainda por definir.

Finalmente realizámos a AG eleitoral do B4F onde foram eleitos os Órgãos Sociais para os próximos 2 anos. Apesar de se ter apresentado a escrutínio uma única lista, participaram na eleição 54,74% dos nossos associados.

Sabemos que podemos contar convosco para continuar o nosso projecto, da mesma forma que estamos à vossa disposição para ouvir sugestões e ideias.

Saudações

Luis Oliveira

 

BREVES

Portugal participou com 4 selecções nacionais na prova de apuramento da EBL para os próximos Campeonatos do Mundo. O realce vai para o brilhante 5º lugar da equipa Mista que lhe valeu o apuramento. Aos praticantes Alexandra Rosado, Ana Luísa Brito, Sofia Pessoa, Jorge Cruzeiro, Juliano Barbosa, Paulo Gonçalves Pereira e ao NPC João Paes Carvalho as nossos parabéns e os votos de muitas felicidades para o Mundial. 

No que respeita às restantes equipas entendemos que todas elas se portaram em bom nível – 13º lugar para as Senhoras, com apenas 4 jogadoras e que se mantiveram nos lugares de apuramento até ao 13º encontro, também em 13º lugar a formação Senior que se manteve na luta pelo apuramento até ao último dia de prova. Finalmente a equipa Open a terminar num honroso 18º lugar.

Parabéns a todos

PROVAS DE REGULARIDADE NO B4F

Desde o início de Fevereiro do corrente ano que iniciámos a realização de torneios de regularidade na plataforma Real Bridge. Nos 35 torneios disputados até ao momento participaram 701 pares numa média de cerca de 9,5 mesas por torneio. Luis Oliveira, Inocêncio Araújo e Mário Reis comandam a classificação acumulada de 1ª categorias, Paulo Coelho, Cristina Pouseiro e Rafael Sacramento lideram as 2ª categorias e Domingos Andrade Sousa, Filipe Amado (ex-aequo), José Augusto Franco e Maria José Franco (ex-aequo) dominam as 3ª categorias. A lista completa pode ser consultada aqui.

Organizámos um campeonato interno de equipas para selecção dos nossos representantes às provas de oficiais de clubes da época em curso que contou com a participação de 10 equipas constituídas exclusivamente por sócios do clube e cujos resultados podem ser consultados na página de Notícias do B4F.

O CANTINHO DA TÉCNICA

O leilão competitivo tem vindo a verificar muitas e significativas alterações com o aparecimento de ferramentas que nos permitem abordar com maior confiança a crescente agressividade dos leilões. Hoje em dia é vulgar assistir a aberturas de nível 1 com valores que seriam considerados crimes graves há poucos anos atrás. As aberturas com valores distribucionais passaram a ter um objectivo de obstrução do leilão adversário a juntar à natural intenção de construir um contrato para o campo. 

Da mesma forma as intervenções no leilão adversário são cada vez mais agressivas tendo passado para segundo plano critérios de segurança. É hoje cada vez menos frequente a existência de leilões a dois.

Uma das ferramentas mais eficazes, até porque válida para o campo do abridor e para o campo defensivo é a utilização do 2ST após abertura – intervenção que mostra um jogo de apoio ao naipe de abertura ou ao naipe de intervenção (se rico), com 4 ou mais cartas e 10 ou mais pontos. A questão que se coloca de imediato é o que fazer às mãos com 11-12 pontos honra e defesa no naipe adversário: a solução passa por começar com Dobre seguido de ST. Vejamos alguns exemplos:

Está em SUL e tem a seguinte mão:

♠ RV87
♥ 2
♦ AV52
 RV84

O leilão foi:
Oeste     Norte     Este     Sul
1           1             2♥       2ST = 4+ espadas, 10 mais pontos
3♥          P               P         Dbl = mostra força adicional. O parceiro pode passar, marcar 3♠ se mínimo na intervenção ou reavaliar e marcar partida.

A mão do parceiro pode ser qualquer coisa como:

♠ AD654   
♥ 974                  
♦ 1096                
 A7                   e 4♠ são mais ou menos à prova de bala.

Substitua o A pela D e mesmo assim 4♠ é um contrato jogável se bem que difícil de alcançar. 

Agora a mão de Sul é::

♠ R7
♥ RV5
♦ A852
 V854

O leilão foi:
Oeste     Norte     Este     Sul
1           1♠             2♥       DBL
P            2♠             P          2ST = 11-12 pontos com 2 cartas de espadas, 1 1/2 defesa a copas e 11-12 pontos de figura.

Para mais informações sobre a utilização desta ferramenta, contacte-nos.

 

ESPAÇO DE OPINIÃO E ENTREVISTA

O entrevistado de hoje é o sócio do B4F mais recentemente filiado na FPB, Miguel Ferrari. Em plena pandemia o Miguel contactou-nos por estar interessado em ter aulas de bridge. Os cursos de Iniciação são, como se sabe, essencialmente práticos e destinados a universos de 4 ou mais alunos. Algo reticente em meter-me nesta aventura (ainda para mais porque se tratava da minha estreia em formações online) acabei por aceitar o desafio porque senti no Miguel uma férrea determinação em aprender um jogo do qual pouco conhecia. Em boa hora o fiz! 

Convido-vos, portanto, em conhecer um pouco mais do Miguel e as razões que o trouxeram até nós

1 – Como é que aconteceu essa tua determinação em aprender a jogar bridge?

O meu gosto em jogar cartas vem desde muito novo, cerca de 6/7 anos, quando comecei a jogar à bisca e ao burro com a minha avó, que ficava algumas temporadas em nossa casa. Depois disso veio o king, que joguei muito desde os 10 anos na escola, com os amigos de rua, nas férias e mais tarde na faculdade. Por fim, seguiu-se o poker, jogo que comecei a estudar também nos tempos de faculdade, chegando mesmo a tornar-me semi-profissional.

Sempre adorei cartas e sempre joguei. No entanto, sentia que o poker não era bem o meu jogo pois tinha muita análise de reações e o king era um jogo relativamente fácil.

Sempre ouvi falar em bridge. Já tinha tentado aprender, mas talvez porque não ter encontrado o canal certo nem amigos que jogassem, não desenvolvi esse bichinho.
No final do ano passado, com as restrições impostas pela COVID, decidi procurar uma app que tivesse alguma coisa de bridge. Encontrei a “Funbridge” que tinha uma explicação muito interessante para iniciantes de bridge e comecei a jogar.

Rapidamente comecei a perceber que sozinho seria difícil chegar a um patamar aceitável e decidi procurar ajuda. Vi os manuais escritos pelo Luís Oliveira e descobri que havia uma federação. Depois, enviei um mail para ambos para perceber qual seria o melhor lugar para aprender ou se havia alguém que pudesse ensinar. Da federação não obtive resposta, mas o professor Luís disse que ele próprio dava aulas. Fiquei radiante e decidi avançar mesmo que apenas online.

A partir daí, com a enorme determinação e sabedoria do Luís apaixonei-me pelo jogo e decidi aprender e desenvolver todo o conhecimento de bridge. Obrigado Luís!! Tenho tido aulas regulares muito boas desde o final do ano passado e treino todos os dias na app para tentar ser melhor jogador e divertir-me cada vez mais com o jogo.

2 – É evidente que rapidamente atingiste um patamar muito pouco vulgar para quem começa a aprendizagem do zero e ainda por cima online e sózinho em mesa. Conta-nos um pouco deste teu trajecto e das diferentes sensações que foste sentindo à medida que a formação ia avançando.

O bridge é um jogo muito complicado. Contudo, conseguimos sempre chegar mais longe se nos focarmos e tivermos vontade de aprender. E com esforço claro! Como tinha algumas bases de cartas de todos os anos em que joguei, e com as excelentes aulas, comecei a melhorar o meu jogo e aos poucos fui sendo inserido em competição. Algumas frustrações e erros normais nunca me tiraram a vontade de continuar.

Em março, tive a sorte de o meu professor Luís me apresentar um parceiro que já tinha muita experiência e vontade de continuar a aprender, o Pedro Gil. Ele não se importou de se juntar a uma pessoa iniciada e de aprender um sistema comum para que ambos pudéssemos evoluir em conjunto. Desde essa altura, raramente falhamos o torneio de 4ª feira à noite do Bridge4fun que tem sido fundamental para a minha evolução.

O fim do confinamento e menos tempo disponível não me tiraram a vontade de continuar a aprender. Sinto que o jogo é muito difícil e tem muito estudo envolvido mas acho que tenho possibilidade de melhorar e de me ir divertindo à medida que for melhorando o meu nível de jogo.

3 – És um participante assíduo em  torneios online não tendo, até ao momento, participado em qualquer actividade ao vivo. Quais as tuas impressões sobre o ambiente competitivo que tens encontrado e a forma como tens sido recebido. 

O ambiente é excelente nos torneios online bem como na plataforma do Real Bridge mas gostava muito de jogar ao vivo e conhecer as pessoas. Sou uma pessoa de contacto directo e sinto que posso trocar muito boas impressões sobre bridge e outras matérias com as pessoas que fui conhecendo.

Muito importante têm sido os torneios que tenho feito regularmente com o parceiro Pedro Gil e com o Luís Oliveira, e no princípio, com o Rui Borges que foi das primeiras pessoas que apanhei em ambiente competitivo. Todos me acolhem bem e têm sido muito agradáveis comigo.

Agora quero conhecer pessoalmente todos. Infelizmente, ainda nem sequer tive oportunidade de conhecer pessoalmente o Luís nem os parceiros habituais.

4 – Que características destacarias se pretendesses apresentar o bridge a alguém com um percurso semelhante ao teu?

Três caraterísticas principais: um grande gosto pelas cartas, algum jeito e uma grande vontade de chegar mais longe e evoluir. O bridge é um jogo muito difícil e exige uma grande dedicação, muito maior de que qualquer jogo regular de cartas que se jogue. Tem que se estudar e praticar muito.

5 – Dá-nos a conhecer um pouco dos teus planos para o futuro na modalidade?

Gostava de continuar a aprender, a treinar e a melhorar. E quero acima de tudo continuar a divertir-me. Quero começar a jogar torneios ao vivo e ir jogando com pessoas de um nível mais alto. A partir daí o céu é o limite. Enquanto continuar a passar belos momentos irei sempre jogar. E enquanto jogar irei sempre querer aprender e ser melhor.

Gostava muito de poder jogar com os melhores jogadores nacionais e quem sabe bater-me com eles. É possível? Penso que sim, desde que queiramos uma coisa e estejamos dispostos a pagar o preço para isso acontecer (neste caso tempo e dedicação) tudo é possível.

6 – Um livro, um filme, uma cidade que te tenham marcado. 

O meu livro preferido é o Daily Stoic de Ryan Holiday. Estoicismo é uma filosofia que sigo há alguns anos e que está na sua maior parte alinhada com a minha maneira de ver e de agir na vida. Para mim este é o melhor livro que já li.

Um filme, O Padrinho”, adoro todo o envolvimento e acção dos filmes. Esta trilogia para mim é fabulosa, com grandes actuações dos actores e tem toda uma história e envolvimento apaixonantes. O Gladiador, Braveheart e Pulp Fiction foram filmes que também me marcaram muito.

Cidades que me marcaram poderei dizer Barcelona por achar que depois de Lisboa poderia ser a melhor cidade para se viver; Jerusalém pelas diferenças sociais e atmosfera que encontrei; Las Vegas pela acção e loucura que tive nos dias que estive lá; e Chiang Mai, na Tailândia, pela experiência de poder viver uns dias na selva!

Gostava de agradecer mais uma vez ao Luís Oliveira pela paciência e dedicação que tem tido comigo e por me ter ensinado tudo o que sei até hoje, e ao Pedro Gil que tão belo parceiro tem sido, por me ter acompanhado nesta aprendizagem e também pelo bom ambiente e bom sistema de parceria

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