B4F
boletim informativoEDITORIAL
Começo por pedir desculpa pela saída ausência de quase 2 meses, mas outros afazeres assim o justificaram.
Estão aí os Campeonatos da Europa! Na parte competitiva estão as nossas Selecções Open, Feminina, Seniores e Mistos, a lutar pela melhor classificação possível. Na organização do evento com a fantástica Madeira como cenário, uma grande equipa que tornou possível este evento, com um destaque muito especial para o Miguel Teixeira e para a FPB. Certo de interpretar o sentimento generalizado dos bridgistas nacionais, aqui expresso o meu agradecimento a todos os que, nas mais variadas funções, estão a fazer destes campeonatos um acontecimento memorável.
Aos nossos representantes no pano verde os meus votos de muita sorte. Conheço bem o enorme desafio que irão enfrentar, mas este é o tempo de nos transcendermos. Independentemente do resultado final, do que estou mesmo seguro é que todos irão dar o seu melhor para dignificar o nosso bridge.
OPEN: António Palma, João Barbosa, José Pereira Sousa, Miguel Lima, Paulo Dias, Paulo Sarmento, Rui Pinto (npc).
FEMININO: Ana Magalhães Pereira, Bé Oliveira, Isabel Fonseca, Joana Brígido, Mariana Leitão, Rita Russo, Álvaro Chaves Rosa (npc).
SENIORES: Acácio Figueiredo, Carlos Luiz, João Paulo R Pinto, Jorge Cruzeiro, Jorge Monteiro Santos, Luís Castaño (jogador e npc).
MISTOS: Alexandra Rosado, Maria João Lara, Sofia Pessoa, Juliano Barbosa, Manuel Capucho, Paulo G Pereira, João P Carvalho (npc)
Para o B4F aproxima-se o tempo de grandes decisões. O processo eleitoral que elegerá os novos Órgãos Sociais do Clube está à porta e para tal volto a apelar a todos que colaborem na procura de soluções. Como é sabido a Direcção actual não irá recandidatar-se pelo que é necessário encontrar sucessores. O Clube tem 96 sócios licenciados na FPB, uma situação económica confortável e um património desportivo considerável, pelo que existem todas as condições para se encontrarem alternativas e assegurar a continuidade do B4F.
Em termos pessoais tem sido fantástico partilhar com todos vós esta aventura. Tem sido um trabalho estimulante e um enorme prazer e honra ter-vos como companheiros nesta já longa caminhada, que começou por ser uma brincadeira e vejam no que deu. Esta é a minha camisola e o meu clube, pelo que quem vier terá o meu apoio e colaboração.
Espero que entendam que uma ligação de mais de 40 anos ao bridge e mais de 35 anos a desempenhar funções como árbitro, formador e dirigente é tempo mais que suficiente. O B4F tem todas as condições para abraçar o futuro com confiança. E quem vier a tomar conta do leme sabe que vai poder contar com o apoio de todos os sócios.
O panorama geral continua a não ser famoso. Mesmo com a reabertura do bridge presencial, a quebra nas frequências das provas continua a ser evidente e preocupante. Muito provavelmente, até que novas gerações de praticantes apareçam, esta vai ser uma realidade para o futuro próximo. O bridge associativo terá de conseguir conviver com isto e encontrar soluções para sobreviver.
É tempo de entendermos que nada no bridge ficará como antes. É preciso reformular os circuitos competitivos, é preciso criar uma nova filosofia para a classificação de jogadores e para os coeficientes de valorização de provas. Urge formar mais árbitros, tornar mais apelativa a carreira de arbitragem. Há tanta coisa por fazer que não podemos continuar a perder tempo com questões secundárias.
O B4F é um Clube imprescindível para este enorme desafio que temos pela frente e está pronto a participar num diálogo construtivo com todos. Como sempre estivemos.
Luis Oliveira
A PROPÓSITO DO EDITORIAL - MANUEL OLIVEIRA
Não sei exactamente quando se irá dar a passagem do testemunho, e, como não quero perder a oportunidade, deixo aqui umas palavras para expressar a grande admiração que tenho pelo trabalho e dedicação que o Luís Oliveira deu ao bridge ao longo de todos estes anos.
São incontáveis as pessoas que começaram a jogar bridge, quer de competição, quer de entretenimento, graças ao trabalho de divulgação e ensino realizado pelo Luís.
Atrevo-me a dizer que ele constitui um caso ímpar quer pelo volume desse trabalho, mas – e sobretudo – pelas áreas que ele cobriu.
Conheci e conheço muito boa gente da minha geração que trabalhou para o bridge sobretudo como dirigente, mas também como professor ou árbitro, embora nestes casos normalmente remunerados, mas não vejo ninguém que tenha dedicado tanto tempo e durante tantos anos às quatro funções se incluirmos a organização.
Atrevo-me pois a lançar um repto (que são dois) aos praticantes do B4F:
O primeiro é que espero que não seja preciso ir de porta em porta a pedir por favor que se cheguem à frente para dar continuidade ao trabalho dele no Clube.
E o segundo – mais modesto – é que se promova uma grande festa de homenagem à sua pessoa. Deixo aberta à criatividade dos praticantes o tipo de evento, mas peço que não deixem passar demasiado tempo apesar da época difícil que estamos a viver.
Manuel Oliveira
NR: Obrigado caro amigo. Acho que há muita gente que merece ser homenageada pelos contributos que, nas mais diversas áreas, têm dado à modalidade. O que mais desejo é que haja quem se disponibilize para dar continuidade a este projecto. Os verdadeiros “heróis” desta longa caminhada são os praticantes que me têm apoiado e todos os que me têm acompanhado e ajudado nas diferentes funções que abracei. Para todos vai o meu sincero agradecimento e para ti, muito em especial, pelas simpáticas palavras. E sim, havemos de fazer a festa. Mas para uma homenagem a todos os que, dentro e fora do B4F, têm mantido o bridge vivo.
Luis Oliveira
BREVES
Realizou-se, finalmente, a Assembleia Geral da ARBL, onde foi aprovado o Relatório e Contas do exercício relativo a 2021, aprovado por maioria, com duas abstenções. O que de mais relevante saiu desta AG foi a intenção manifestada pela Presidente, Mariana Leitão, de promover um diálogo urgente com todos os clubes licenciados na ARBL, com vista a discutir os problemas que a todos afectam.
Uma decisão que saúdo e que de há muito o B4F vem defendendo. Os Clubes têm de se juntar em torno de objectivos comuns. Têm de ser capazes de ultrapassar as suas divergências sem perderem identidade. O bridge para sobreviver tem de desbravar novos caminhos, de procurar novos praticantes, de apelar ao regresso dos que se afastaram.
A ver vamos…
POR CÁ
O nosso associado Frederico Macedo Santos em parceria com Thierry Decoux, sagrou-se campeão regional de pares de 2ª. Parabéns!
Não correu muito bem às nossas cores o Campeonato Nacional Equipas Clubes, não tendo sido alcançado o objectivo principal que era a subida de divisão. Lá estaremos na prova regional para assegurar a manutenção na 1ª divisão.
O CANTINHO DA TÉCNICA (coisas do outro mundo)
Começaram os Campeonatos da Europa e aí estão mais coisas do outro Mundo. As grandes emoções, as assombrosas soluções técnicas que os grandes jogadores encontram para solucionar problemas, à partida, insolúveis e até mesmo os episódios “estranhos” que a competição a este nível sempre nos traz. Alguns exemplos:
O primeiro destaque desta mão vai para o leilão. Repare-se no Passe de Oeste sobre a abertura de 2♦ Multi (que mais poderia fazer?) e, principalmente, da marcação de 2♥ de Norte (passa ou corrige), desistindo de imediato de qualquer hipótese de partida, apesar dos 14 pontos de figura e da garantia de fit.
O carteio não apresentou grandes problemas ao declarante. Depois da saída a espadas cortou a terceira vaza no naipe com o ♣9, entrou no morto no ♣R, cortou mais uma espada e mais uma volta de trunfo. No final contrato cumprido, cedendo 2 espadas e 1 trunfo à defesa. Na outra mesa os suecos só pararam em 5♣ dobrados com um leilão bastante diferente: 2♥ de Sul, Passe de Oeste e 4♥ de Norte. Depois de dois passes Oeste acordou para a vida e marcou 4ST (menores). Sul saiu ao ♥A, cortado no morto. Tudo levaria a crer que o declarante iria tirar 2 voltas de trunfo e dedicar a sua atenção ao naipe de oiros. Mas tal não aconteceu: com um plano de jogo algo estranho jogou espadas, foi forçado com mais uma volta de copas e nova espada. Norte ganhou e jogou trunfo. O declarante entrou na mão no ♦A e cortou a última copa com o ♣A. O resultado foi 3 cabides dobrados e 800 para a Dinamarca. Esta mão valeu 14 IMP’s e a Dinamarca acabou por ganhar o encontro por 2 IMP’s. O bridge é um jogo de erros onde se ganha cometendo menos erros que os adversários. Ou como os grandes jogadores também cometem erros que parecem primários. A grande diferença de eles para nós é a frequência com que estes acidentes acontecem.
A próxima mão reflecte duas atitudes diferentes perante o mesmo jogo com os dois declarantes a figurarem na galeria dos jogadores de topo mundial. Ora vejam:
Com a saída ao ♠4 como jogou o holandês Verhees? Aparentemente as hipóteses do declarante resumem-se à boa colocação do ♣A ou do ♥R. Seria óptimo se as hipóteses fossem acumuláveis. Mas não são! Se optar pela passagem a copas e falhar já não conseguirá fugir ao cabide. Se, em contrapartida jogar para a boa colocação do ♣A e falhar a defesa fica com várias vazas a paus à disposição. O declarante decidiu optar por uma linha diferente: tirou as 4 vazas de espadas e jogou todos os oiros. A 3 cartas do fim ficou com o ♣R seco e ♥A e ♥D. Oeste não tem defesa: se secar o ♣A, o que aconteceu, é metido em mão e terá de se virar em copas. Se ficar com dois paus terá de secar o ♥R.
Na outra sala a abordagem foi bem diferente: Oeste saiu a oiros, Brogeland entrou no ♦A e, de imediato, jogou um pau para o ♣R. Helgemo, que muitos ainda consideram o melhor jogador do Mundo, decidiu recuar o ♣A na expectativa do declarante ter ♣RD e necessitar de mais uma vaza no naipe. O resultado foi 6ST+1 para NS e 1 IMP’s de ganho quando podiam ter sido 17 IMP’s para o outro lado. Quem jogou melhor? Verhees apostou numa combinação final onde tivesse mais elementos de decisão. Brogeland usou a imaginação. Tecnicamente jogou a 50%, mas juntou-lhe o efeito psicológico de quem anda à procura de mais de 1 vaza.
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