B4F

boletim informativo
EDITORIAL

Aproxima-se o final de 2021 e o início de um novo ano e de uma nova época desportiva. Uma época que se pretende de retoma plena da actividade desportiva, mas que tem ainda muita incerteza associada. Se bem que não seja previsível um retrocesso da crise pandémica, é certo que o futuro está ainda rodeado de muitas condicionantes. As novas variantes do vírus continuam a assombrar as nossas expectativas e a nossa vontade em voltar em pleno ao bridge presencial.

De cada um de nós espera-se uma atitude responsável e o cumprimento das regras em vigor. Das Instituições esperamos a capacidade de adaptar a actividade desportiva às condições sanitárias em cada momento.

Tenho assistido a alguns debates inflamados sobre o regresso à actividade. O extremar de posições entre os que defendem um regresso “à vontadinha” ao bridge presencial e os que, do lado contrário, defendem o bridge online como alternativa única para a actividade desportiva, não acrescentam nada de positivo ao momento complicado que vivemos.

Pouco importa discutir se o bridge presencial é melhor e/ou mais seguro que o bridge online. O que interessa é saber avaliar as condições pandémicas em cada momento e decidir em conformidade. O que interessa é manter activo um conjunto de regras que transmita confiança aos praticantes. O que interessa mesmo é que a adrenalina dê lugar ao bom-senso e que se encontrem soluções claras e eficazes. Disso depende o nosso futuro.

Tenho ouvido ao longo de todo este processo alguns argumentos que me deixam perplexo e muito preocupado quanto às responsabilidades que as diferentes Instituições envolvidas na vida desportiva entendem ter nesta matéria: ignorar que existem muitos praticantes que, por diferentes motivos, temem o regresso à actividade presencial peca exactamente pelo mesmo motivo que os que defendem a exclusividade do bridge presencial porque “só vai quem quer”. Para além da buçalidade do argumento existe aqui uma manifestação, deliberada ou não, de total desconhecimento do que é um movimento associativo que, por definição, deve ser inclusivo, aberto e consensual às diferentes sensibilidades.

Outros vão ainda mais longe e, como já vi escrito por aí, o que alguns pretendem é afastar os bons jogadores da competição para poderem, enfim, ganhar títulos ou ainda o apelo à desobediência das regras definidas pela FPB.

Mas está tudo doido?

No primeiro caso existe uma presunção não fundamentada, um inqualificável processo de intenções que roça a fronteira da difamação. Já o segundo caso me parece compatível com procedimento disciplinar.

O direito de opinião é uma conquista fundamental da democracia. Mas a democracia também tem fronteiras. Também tem regras e leis que a regem. A diferença para outros sistemas é que as regras e as leis podem ser contestadas nos locais próprios. No que ao bridge diz respeito existe um Conselho de Justiça a quem se pode recorrer para contestar decisões federativas. Existe a possibilidade de convocar AG’s extraordinárias para debater as decisões federativas e, em último caso, para propor a demissão dos seus Órgãos.

O espaço público deve ser um espaço de diálogo, de troca de ideias e de críticas, mais ou menos mordazes, mais ou menos violentas. O que não pode é ser utilizado para este tipo de lamaçal. O bridge nacional precisa de pessoas que lhe acrescentem valor. E não me refiro a quem conta ou joga melhor as cartas, quem faz mais squeezes ou grita mais que os outros. O valor a que me refiro é o do fair play, do respeito pelos outros, do saber ganhar e perder, do entender que nesta modalidade cada um de nós faz falta, independentemente da cor, género, convicções políticas ou religiosas, idade ou capacidade técnica.

Entretanto estamos em período de AG’s das diferentes Instituições, com o objectivo de apresentar os respectivos planos de actividade e orçamentos para 2022.

A AG da FPB já decorreu tendo sido aprovados por maioria os respectivos documentos postos à discussão. No próximo dia 12 de Dezembro, conforme convocatória já enviada para os seus sócios, decorrerá a AG do B4F onde espero uma elevada participação, porque este Clube será sempre a soma da vontade expressa pelos seus praticantes. Finalmente, no próximo dia 18, decorrerá a AG da ARBL. Fomos adiando a publicação deste boletim à espera da apresentação dos documentos que vão estar em análise, mas até à data tal não aconteceu. Esperemos que sejam disponibilizados antes da AG.

Desconhecendo o que será o entendimento da ARBL para a nova época desportiva, espero que no topo das suas preocupações esteja a recuperação de praticantes e clubes que não renovaram a sua taxa de licenciamento e um regulamento de provas que tenha em conta as diferentes variáveis que devem estar em equação.

Finalmente os meus sinceros votos de Boas Festas e o sincero desejo de um novo ano cheio de bons contratos.

Porque o bridge é a nossa paixão!

Luis Oliveira

BREVES

O principal destaque do mês vai para o 2º lugar alcançado pelo António Palma nos Campeonatos Americanos, integrado na equipa de Juan Carlos Ventin. Nesta prova participavam muitos dos melhores jogadores do Mundo o que diz bem da importância deste resultado. Parabéns ao António Palma, extensíveis a toda a equipa, pelo brilhante desempenho.

Por cá, a formação capitaneada pelo António Palma e composta ainda por Carolina Pimenta, Carlos Pimenta, Miguel Ferreira, Paulo Dias e Pedro Pratas sagrou-se campeã nacional ao bater a formação comandada por João Paes Carvalho (Jorge Cruzeiro, Jorge Monteiro Santos, Luis Castaño, Manuel Oliveira e Pedro Matos) por apenas 1 IMP.

A formação representante da AVGP sagrou-se campeã regional de Equipas de Clubes enquanto os representantes do B4F garantiram a permanência do Clube na 1ª Divisão.

Finalmente José Egreja e Paulo Braula Reis sagraram-se campeões nacionais de Pares por IMP’s.

O CANTINHO DA TÉCNICA

ropomos neste número um conjunto de exercícios de marcação. O objectivo não é o de encontrar um vencedor, porque não se trata de um concurso, mas o de abrir o debate de ideias sobre diferentes situações de leilão. As vossas opiniões devem ser enviadas para este email e serão publicadas com ou sem a vossa identificação, como pretenderem, no próximo número.

Em todas as mãos está em Sul

MÃO 1                                                                           NORTE     ESTE     SUL     OESTE
♠ RD108                                                                                                       1ST            P
♥ R3                                                                                   4♦ *        Dbl        ?
♦ 984                                                                              * Bicolor rico
♣ ARV5

MÃO 2                                                                            NORTE     ESTE     SUL     OESTE  
♠ AR86542                                                                                         1♣         ?
♥ – 
♦ RD1074
♣ A

MÃO 3                                                                              NORTE     ESTE     SUL     OESTE 
♠ –                                                                                          1♠           2♥          ?
♥ 3
♦ A107542
♣ RV7642

MÃO 4                                                                              NORTE     ESTE     SUL     OESTE 
♠ 65                                                                                       1♦           1♥          ?
♥ 87
♦ RD972
♣ RD83
Estas mãos sairam num número do Bridgeur e foram presentes a um painel de jogadores constituído por: Paul Chemla; Sandra Rimsteadt; Mikael Rimsteadt e Zia Mahmood. Como sempre acontece nestas situações a unanimidade de opiniões foi quase inexistente. A quem responder enviaremos as decisões e comentários do painel por email. No próximo número publicaremos no boletim.

O B4F e a vida institucional

Um conjunto de Clubes da ARBL efectuou uma reunião online com o objectivo de debater a situação nos respectivos clubes e no bridge em geral e de apreciar um conjunto de propostas de colaboração mútua no plano desportivo. Tratando-se de clubes sem instalações próprias que lhes permitam antecipar a possibilidade de um regresso imediato ao bridge presencial, foram analisadas um conjunto de propostas para organizações conjuntas online.

O objectivo comum é trabalhar no sentido de manter e reforçar os nossos praticantes, proporcionando soluções apelativas para a prática desportiva. Obtido um consenso generalizado estamos a preparar um conjunto de iniciativas a desenvolver a partir de Janeiro 2022 cuja regulamentação e calendarização será divulgada oportunamente. Este projecto está aberto a todos os que nele se queiram integrar.

Participaram nesta primeira reunião os seguintes clubes: Clube AFAP, Clube B4F, Clube Nacional Ginástica, Núcleo de Bridge da Ordem dos Engenheiros, Real Clube de Campo e União Freguesias Cascais Estoril.

Em Janeiro inicia-se um novo processo de licenciamento de praticantes na FPB. Para além da vontade de poder continuar a contar com todos vós nesta família que é o B4F, apelo a que renovem o vosso licenciamento porque dele depende o futuro do bridge desportivo. A erosão de praticantes nos últimos 2 anos é muito preocupante para a modalidade e o B4F fará tudo ao seu alcance para manter o bridge desportivo e as suas Instituições. Queremos ser parte activa na procura de soluções para o bridge e para a sua sobrevivência e, para tal, precisamos de todos vós.

ENTREVISTA

Regressamos neste número ao espaço de entrevistas. Todos os meses vamos escolher dois dos nossos associados a quem colocaremos as mesmas questões. Uma oportunidade para nos conhecermos melhor. Para hoje escolhemos duas senhoras: a Cristina Pouseiro e a Isabel Manso. A primeira recentemente chegada à família do B4F, a segunda uma das suas fundadoras.

1 – Fala-nos um pouco do teu trajecto no Bridge. Como e quando começaste a jogar e quais os teus objectivos enquanto praticante.
(Cristina)
O Pedro Durão deu alguns cursos de iniciação ao Bridge a funcionários da Autoridade Tributária e Aduaneira (na qual eu sou funcionária também), tendo a mãe da minha afilhada frequentado o mesmo.
Quando o Pedro Durão tornou a dar novo curso de iniciação, já nas instalações do CBL, a minha comadre inscreveu-se novamente, mais o marido e a minha afilhada, e desafiou-me a ir também, pelo que o meu primeiro contacto com o Bridge acabou por ser por mero acaso (fui numa óptica de passar tempo com a minha afilhada, e acabei por descobrir algo – o bridge – que se tornou uma paixão). 
Os meus compadres e afilhada acabaram por desistir do bridge, e eu acabei por ir ficando, por achar que o bridge é um jogo mental extraordinário e desafiante, e por ter gostado do ambiente e dos praticantes.
Os meus objetivos como praticante é ir evoluindo a pouco e pouco, tentando melhorar o meu carteio, mas principalmente o meu entendimento do jogo, nomeadamente a leitura que faço do jogo (card reading). A defesa é o meu calcanhar de Aquiles.

(Isabel Manso)
Sempre adorei cartas e, ainda criança, iniciei o trajecto habitual: Bisca, Crapô, Canasta, King. Finalmente o encontro com o Bridge! Comecei aos 28/29 anos, em 1980 ou 1981.
O Bridge não é um simples “jogo de cartas”, mas sim um jogo de raciocínio, estratégia e cooperação onde “por acaso” a ferramenta são as cartas. 

a) Em 1980, na Empresa onde trabalhava, TLP (já tem outro nome!) conheci o Colega António Gil (cf. nota1) responsável pela Secção de Bridge do Clube de Trabalhadores dos TLP. Eu e outros 3 ou 4 fomos contagiados pelo entusiasmo do Gil  com quem tivémos as primeiras acções de formação à hora de almoço, no seu Gabinete.
b) Comecei, quase de imediato (que atrevimento) a jogar os Torneios do Clube TLP às 6ª- feiras. Aí conheci e fiz amizade com a Bé, o Luís Oliveira e o Tó Eanes, que organizavam Torneios aos Sábados no Externato Séneca, onde fui amiúde. Também “navegavam nessas águas” muitos amigos do Clube TAP e do Banco de Portugal.
c) Motivos familiares influenciaram o meu entusiasmo pelo Bridge. O meu ex-Sogro, José Vilaça (cf. nota 2), inscreveu-me num Curso com a Maria Helena Mateus, ministrado no CBL. (cf.nota 3).
O meu primeiro Torneio “a sério” (que lata!) foi quase logo a seguir, no CBL, graças ao simpático convite do um familiar, cunhado do José Vilaça, o jogador João Castelo Branco.(cf. nota 3).
d) Continuei como praticante assídua da Modalidade, frequentando muitos Torneios e Festivais em Lisboa e fora de Lisboa e até do País. Nos anos 90 fui muito assídua do CPB (Círculo Português de Bridge) onde conheci o jogador José Lima  (meu actual marido) o qual veio a ser árbitro deste Clube.
e) E… chegamos aos primeiros anos de 2000, à era B4F (BRIDGE FOR FUN).
Começámos por organizar alguns eventos muito concorridos, nomeadamente no Hotel Jamor, com arbitragem do Luís Oliveira e do Tó Eanes. 
A partir daqui, melhor do que eu, deixo que toda a história do B4F seja contada pelo Luís Oliveira. (cf. nota 4) 
f) Os meus objectivos como praticante:
O Bridge, como todas as Artes tem vários estilos. E, claro, entre os apreciadores há adeptos de todos os gostos. Os quais respeito.
Só renego o estilo “O parceiro é uma besta!”. 
No meu caso:  
 Estilo mais lúdico que competitivo! (Não me stresso com os resultados).
– Convenções lógicas e claras sem grandes “rodriguinhos” os quais acabam por tornar o leilão e o flanco um campo de minas.
– Respeito pelo parceiro, pelos adversários e pela arbitragem.
Notas:
1. Deixo aqui a minha homenagem ao saudoso Colega António Gil, Pai do Pedro Gil, nosso amigo, associado e colaborador.
2. José Vilaça teve uma longa carreira dedicada ao Bridge: Árbitro do CBL, Árbitro e Organizador de vários Torneios e Festivais Nacionais e Internacionais e Funcionário da FPB. Fica a sentida saudade e homenagem ao meu ex-Sogro.
3. À Maria Helena Mateus e ao João Castelo Branco, que também já nos deixaram, expresso igualmente a minha grata recordação.
4. Bé, Luís e Tó, “compagnons de route”, o meu reconhecimento por tudo o que têm feito e continuam a fazer em prol do Bridge nomeadamente acções de formação, dinamização, arbitragens e tudo o que concerne à divulgação e respeito pela modalidade. 
Excepcional a sobrevivência do Clube em modo “não presencial”.
Parabéns pela maneira exemplar como o B4F tem feito a “travessia” da era Covid.

2 – Em poucas palavras consegues definir o que representa para ti o Bridge?
(Cristina)
O bridge para mim representa um desafio, é como resolver um crime, 
embora muitas vezes com pouco sucesso.

(Isabel Manso)
Trata-se de um hobby excepcional que pratico com imenso prazer. Belíssima ginástica mental e de concentração. Bom treino de convívio e respeito pelos outros.
Uma grande ajuda e escape em períodos difíceis da vida. Exemplo: lutos.

3 – O Bridge e a pandemia! Como antevês o regresso à normalidade? Pensas existirem condições para um regresso sem restrições ao bridge presencial?

(Cristina)
O conceito de normalidade é algo um pouco vago. Espera-se que esta pandemia tenha um fim em breve. Até lá, acho que há condições para se jogar bridge presencialmente, embora com algumas precauções: a não partilha de bidding boxes, jogar em barómetro, utilização de acrílicos entre os jogadores quando possível, apresentação de certificado de vacinação ou apresentação de teste negativo.
Há certos cuidados que se tem de ter, da mesma maneira que se tem de ter quando se vai de transportes públicos para o local de trabalho, ou quando se vai assistir a uma peça de teatro ou a um filme, ou a um jogo de futebol.
A vida continua, e temos de nos adaptar às circunstâncias, com os cuidados necessários e possíveis, e sobretudo com civismo e consideração pela vida humana.

(Isabel Manso)
O regresso à normalidade, ainda considero ser um tema de previsão muito “enevoada”.
Irá certamente haver um regresso à normalidade. Mas uma normalidade diferente da que conhecíamos antes. 
Hoje e aqui não existem condições para o regresso sem restrições ao Bridge presencial.

 4 – Sobre o bridge online que papel achas que pode vir a desempenhar no futuro?
(Cristina)
O bridge online já existia antes da pandemia, talvez agora haja mais aplicações informáticas para jogar bridge ou as anteriormente existentes tenham sido melhoradas. Nos primeiros tempos da pandemia, o site BBO estava constantemente a ir abaixo, devido ao elevado número de participantes, o que agora não sucede.

O bridge online é um meio alternativo ao bridge presencial, nada substitui o prazer das cartas na mão, o convívio presencial.

(Isabel Manso)
Terá certamente um papel importante. Só depende do desempenho dos agentes que tomem isso a seu cargo. Estamos na era do digital e o homem é um animal adaptativo.

5 – Tens algumas sugestões que possam contribuir para melhorar o bridge desportivo?
(Cristina)
Acho que o bridge é visto como um mero jogo de cartas, como um passatempo e não tanto como um desporto, quando na realidade é um desporto da mente.
Penso que todos os praticantes de bridge deveriam lutar no mesmo sentido, de modo a que o bridge nacional tenha mais visibilidade e consiga atrair mais praticantes.

(Isabel Manso)
Peço desculpa mas agora “PASSO”. De momento não tenho qualquer ideia. Poderei vir a ter e então “dou voz”.

6 – O que gostarias de ver implementado no B4F para melhorar o seu relacionamento com os seus sócios?
(Cristina)
Nada me ocorre.

(Isabel Manso)
Sorry… ainda sem ideias. Se, e quando as tiver transmitirei.

7 – Para terminar proponho que escolhas um livro, um filme, um País e uma cidade.
(Cristina)
Livro – Exodus de Leon Uris
Filme – Die Hard – Assalto ao arranha-céus 
País – Portugal
Cidade – Nova Iorque

(Isabel Manso) 
– Livro – Cartas do Inferno (de Ramón Sampedro)                                      
– Filme – O Carteiro de Pablo Neruda 
– País – Dinamarca+Croácia
– Cidade – Barcelona

O B4F agradece à Cristina e à Isabel a colaboração para este número do boletim.

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