B4F

boletim informativo
EDITORIAL

Vem aí uma nova era para o bridge nacional. Em Novembro decorreram eleições para os Órgãos Sociais da FPB, ARBN. Os novos colectivos tomam posse em Janeiro de 2021 e são liderados por Pedro Salgueiro e Mariana Leitão. As eleições para a ARBN irão decorrer no próximo dia 9 de Dezembro, havendo uma única lista candidata liderada por António Rocha Pinto. Numa altura muito complexa das nossas vidas saudamos a coragem e a determinação dos que disseram sim ao bridge e se disponibilizaram para assumir os destinos da modalidade nos próximos 4 anos.

São enormes os desafios que vão enfrentar. Desde logo a indispensável e urgente retoma das actividades. Reganhar a confiança dos praticantes passa por garantir todas as condições de segurança, a começar pela adaptação das instalações a uma nova realidade que está para durar. 

O Festival da Madeira provou ser possível. Mas não podem os restantes agentes desportivos, praticantes e clubes, ficar à espera que todas as condições nasçam de geração espontânea. A todos vai ser exigido um maior comprometimento. Porque é fácil criticar o que fez e não se fez numa época para a qual ninguém estava preparado. É fácil exigir acções, por vezes irrealistas à luz das obrigações legais em vigor, acrescentando mais problemas ao problema em vez de participar activamente na procura de soluções. 

Lamentavelmente nem tudo está a correr bem. Só na área da ARBL verifica-se que existem menos 3 clubes e uma quebra de mais de 25% no número de praticantes licenciados. Numa altura em que o bridge precisa de todas as suas sinergias, mais de um quarto dos seus praticantes virou-lhe as costas. 

Que bridge queremos afinal?

O B4F continua determinado na defesa do bridge desportivo, assumindo a responsabilidade que lhe é atribuída pelos seus sócios. Nesse sentido foram já tomadas uma série de medidas que serão explicitadas em outra área deste boletim. 

Pela minha parte encerro em definitivo a minha ligação a órgãos executivos nas Instituições que regem a modalidade e o afastamento da arbitragem em provas oficiais. Com orgulho no caminho que percorri ao longo de 35 anos com paixão. Consciente dos erros cometidos, mas com a tranquilidade de quem deu tudo para a causa comum. E cheio de confiança no futuro da modalidade, aqui deixo o meu voto de confiança aos novos dirigentes e um apelo à união de clubes e praticantes em torno de um bem maior que é o BRIDGE!

Um bom ano de 2021 para todos.

Fiquem bem!

Luis Oliveira

BREVES

O agravamento da situação sanitária veio trazer novas restrições que inviabilizaram a realização da fase de apuramento do Campeonato Nacional de Equipas. Prevê-se que a prova possa ser disputada em Janeiro.

O Festival da Madeira decorreu em segurança, se bem que num universo muito reduzido de praticantes, consequência das limitações que lhe foram impostas. De qualquer forma, a sua realização veio provar que é possível retomar a actividade, desde que garantidas as condições de segurança no que respeita aos espaços a utilizar e aos equipamentos adicionais que a situação sanitária exige.

Vêm aí uma nova equipa de dirigentes nacionais e regionais. Aqui fica o meu reconhecimento pela vossa disponibilidade e votos de sucesso para os vossos projectos.

O nosso sócio José Nuno Moraes integrou a equipa universitária que se qualificou num brilhante 4º lugar no Campeonato Mundial Universitário disputado online. Parabéns extensíveis a toda a equipa que incluía ainda a Rita Arraiano, Francisco Pereira Coutinho e Rui Valdemar.

 

O B4F PARA 2021

A Direcção do B4F tomou o seguinte conjunto de medidas com vista à nova época que se avizinha:

1 – Relativamente aos sócios licenciados na FPB pelo B4F em 2020 foi decidido que em 2021 a quota de sócio + taxa de licenciamento na FPB custará apenas 15€, suportando o Clube a diferença nas taxas de licenciamento normais e garantindo todos os direitos de sócio, nomeadamente, as condições especiais em todos os eventos organizados pelo B4F e Escola de Bridge.

2 – Apostar de forma determinada na retoma de actividade do clube, seja no regresso aos simultâneos ao vivo, seja nas diferentes iniciativas de formação. Para tal iremos retomar o contacto com a Direcção do CMN para aferir da disponibilidade na cedência das suas instalações.

3 – Face à situação sanitária e admitindo a existência de acordo com o CMN, seremos forçados a introduzir algumas condicionantes, a saber:

a) As provas serão jogadas em barómetro, não havendo contacto com cartas já manuseadas por outros intervenientes.

b) O limite de capacidade do espaço de torneio é fixado em 9 mesas distribuídas da seguinte maneira: 3 mesas na sala com as mesas maiores, 1 mesa na pequena sala adjacente a esta e 5 mesas nas salas principais (3+2). Estas mesas serão alugadas para o efeito à FPB a fim de se manter a distância física entre os praticantes.

c) Todas as mesas serão equipadas com acrílicos de forma a isolar os praticantes de contacto com parceiro e adversários.

d) Os separadores permitem a não utilização de máscaras à mesa que, no entanto, serão obrigatórias sempre que haja circulação de praticantes, nomedamente nas mudanças de posição.

e) A circulação dos praticantes entre salas será feita de forma a que não se cruzem quando circulem em sentidos opostos. O fumo só será permitido na sala adjacente ao bar do clube com lotação máxima para 6 pessoas.

4 – Caso não seja possível renovar o acordo com o CMN, o B4F procurará outro espaço que lhe permita desenvolver a sua actividade em segurança.

5 – Ao longo da época o B4F promoverá outras iniciativas, sempre dependentes do respeito pelas condições sanitárias em vigor em cada momento.

6 – Dependendo do fim da restrição à mobilidade das pessoas, o B4F pretende retomar a sua actividade em Janeiro de 2021.

 

 

O CANTINHO DA TÉCNICA

Apesar da muito fraca adesão a esta iniciativa, aqui ficam as respostas aos problemas, esperando que sirvam ao menos para contribuir para a melhoria técnica de quem nos segue. 

MÃO 1 (5 pontos)

OESTE ESTE
♠ R63 ♠ 942
♥ DV98 ♥ AR107
♦ AV762 ♦ 5
♣ 7 ♣ AD652

Este está a jogar 4♥ e Sul saiu à ♠D que fez vaza. A defesa continuou com mais 2 vazas em espadas e Norte, em mão na 3ª vaza, atacou trunfo. Faça o seu plano de jogo para maximizar as hipóteses de conseguir 10 vazas (é importante indicar o timing com que vai jogar).

R: Depois do ataque a trunfo e contando vazas o declarante pode ver 7 vazas em trunfo (3 cortes em cada mão e a vaza natural de trunfo) e 2 ases. De onde a 10ª vaza terá de vir da passagem ao ♣R. Se cair na armadilha da defesa e continuar a destrunfar não haverá nenhuma hipótese de ganhar o seu contrato. Assim, ganhe a terceira vaza em Oeste, faça a passagem a paus e, se ganhar, entre em corte cruzado. 

MÃO 2 (5 pontos)  

OESTE ESTE
♠ A972 ♠ V10
♥ V4 ♥ A753
♦ AR1032 ♦ V94
♣ D5 ♣ AR98

A jogar equipas Este recebe a saída ao ♠3 contra 3ST (saídas 1-2-4). Como pode assegurar 9 vazas qualquer que seja a posição das cartas em EO?

R: Uma situação em que o hold-up não só não resolve nenhum problema como o aumenta. Se jogar pequeno do morto e Norte ganhar a vaza o ataque a copas é mais que provável e isso significa que está metido em sarilhos. Além de que o naipe de espadas não é perigoso pelo que pode em segurança ganhar a vaza de saída no morto, bater o ♦A e jogar oiro em direcção ao ♦V. Aconteça o que acontecer as 9 vazas estão certas: 1 espada, 1 copa, 4 oiros e 3 paus.

MÃO 3 (5 pontos)  

OESTE ESTE
♠ ADV10 ♠ 2
♥ A98 ♥ RDV1032
♦ AR7 ♦ 54
♣ 1098 ♣ ARV7

 Este está a jogar 7♥ e recebe a saída à ♦D. Como pode maximizar as suas hipóteses? (a resposta requer a indicação do timing escolhido para a execução do seu plano).

 R: A passagem a espadas, mesmo que resulte, não resolve o problema porque só daria para nos livrarmos de 1 das 2 perdentes em paus. Assim, a linha de jogo que acumula mais hipóteses é destrunfar, bater ♣A e ♣R acumulando com o aparecimento da ♣D num dos defensores. Caso tal não se verifique há que apostar tudo no expasse a espadas. Se o ♠R estiver em Norte podemos baldar as 2 perdentes em paus.

 MÃO 4 (10 pontos) 

OESTE ESTE
♠ AV1O ♠ 954
♥ AR108 ♥ D3
♦ A765 ♦ K4
♣ V7 ♣ AR10432

 Este está a jogar 6♣ e recebe a saída ao ♠2. Das várias passagens à sua disposição para tentar ganhar o contrato optimista em que se meteu, qual a eleita e de quais prescinde?

 R: Deixar correr a primeira vaza é uma solução que limita as nossas opções. Assim devemos começar por entrar no ♠A. Com a ♣D segunda ou seca em qualquer das mãos ficamos mais perto da solução pelo que devemos partir de pequeno pau do morto (partir de V não resolve a hipótese da ♣D seca), voltar ao morto em oiros e partir de ♣V, coberto pelo ♣A. Se a ♣D teimar em não aparecer resta-nos procurar no naipe de copas a solução do problema, fazendo a passagem ao ♥V contra Sul para, em caso de sucesso, baldar as duas perdentes em espadas. Para contratos desesperados, medidas desesperadas.

 MÃO 5 (10 pontos)

OESTE ESTE
♠ 742 ♠ A108
♥ A98
♦ R93 ♦ AD108762
♣ A1054 ♣ D32

 Leilão

 ESTE          SUL         OESTE          NORTE
1♦                 1♥            2ST                3♥
5♦

 Este está a jogar 5♦ e recebe a saída à ♥D. Qual o plano de jogo?

 R: A saída à ♥D marca Norte com o ♥R. Da mesma forma, pela não saída a espadas, pelo menos uma das figuras em falta deve estar em Norte. Aqui chegados tudo indica que o ♣R esteja em Sul para justificar o leilão. O segredo (e também a dificuldade destes jogos) é maximizar hipóteses. Jogar um pau em direcção à ♣D é jogar na direcção errada. Assim o melhor é cortar a vaza de saída, destrunfar a acabar na mão e jogar pau para o ♣10. Se isto fizer saltar o ♣R assunto resolvido. Caso perca para o ♣V, ganha o ataque (óbvio) a espadas e joga pau para o ♣A. Pode ser que caia o ♣R. Se não cair, baldar a ♣D no ♥A e cortar um pau. Depois de todas as manobras, ainda pode ganhar o contrato com os paus 3-3 o que adiciona 34% a todas as manobras anteriores. Seguramente melhor que uma simples passagem.

 MÃO 6 (10 pontos) 

OESTE ESTE
♠ A832 ♠ RV
♥ V73 ♥ AR2
♦ D2 ♦ AV1098
♣ R765 ♣ A82

 Este está a jogar o mais que optimista contrato de 6ST e recebe a saída à ♥10. Por mais desesperada que seja a situação, guarde as críticas ao parceiro para mais tarde e faça o seu plano de jogo.

 R: Não chega fazer 4 vazas a oiros, ficando assim dependentes de mais uma manobra. Para isso melhor seria tentar fazer as 5 vazas a oiros, partindo de ♦D do morto. Mas mesmo com o ♦R na passagem ainda é preciso que esteja à 2ª ou à 3ª o que é manifestamente contra as probabilidades. De facto o jogo depende de uma única passagem, mas a espadas e não a oiros. Aí é que estamos a jogar rigorosamente a 50% porque se o ♠V ganhar já temos 12 vazas: 3 espadas, 3 copas, 4 oiros e 2 paus.

Todos os problemas foram tirados de livros e artigos de Edwin Kantar, um autor fundamental para todos os que pretenderem evoluir na modalidade. Para além da qualidade técnica destaca-se uma escrita fluente e bem humorada.

 

 

ESPAÇO DE OPINIÃO E ENTREVISTA

Mariana Leitão, 38 anos, Pedro Salgueiro, 65 anos. Duas gerações diferentes, dois percursos de vida diferentes, abraçam dois projectos associativos com um destinatário comum: o bridge.

Nesta entrevista vamos tentar saber algo mais sobre eles e sobre os seus planos

Perguntas

1 – Falem-nos um pouco do vosso trajecto no bridge. Como e quando começaram a jogar e quais os vossos objectivos enquanto praticantes.

ML: Desde que me lembro de existir que vejo o meu Pai jogar bridge e, como tal, cresci no meio o que me levou a, desde cedo, ter muito curiosidade pelo jogo.

No entanto, só em inícios de 2008 e já depois de ter terminado os estudos e ter começado a trabalhar, é que decidi ter aulas de bridge e começar a jogar com regularidade.

O meu grande objectivo enquanto praticante é superar-me diariamente.

PS: Somos uma família numerosa e adoramos jogos de cartas. O Pai jogava bridge, e por volta dos 15 anos comecei a aprender através de um livro chamada “Bridge Facile” de José Le Dentu, muito didáctico pois está estruturado na base de um diálogo entre um professor e um aluno. Tirava as dúvidas com o progenitor, fazia umas resenhas e assim ia avançando.

Na altura (1972) vivia em Luanda, e a nossa casa era um autêntico “casino”, chegando a funcionar com 3 mesas nas diversas modalidades (king, sueca, lerpa e póquer). Como tínhamos um grupo que jogava king muito bem, daí saíram os 3 carolas com quem formei a primeira mesa, isto para além de por vezes ser o quinto (ou quarto dependia) na mesa semanal dos adultos que havia lá em casa, no andar de cima.

Depois foram altos e baixos ao sabor da disponibilidade, da vida académica e profissional. Houve um período mais intenso em 78/79 em que joguei de forma mais assídua no famoso Externato Séneca. A partir daí, jogava ocasionalmente e só quando fui para Barcelona em 1992 é que retomei mais a sério, tendo tido continuidade na Suíça em 1996, onde fui federado. Desde então não mais parei de jogar e de aprender. Até hoje.

O meu objectivo como praticante é evoluir cada dia, procurar perceber melhor o jogo e as suas diferentes fases, ter uma compreensão mais alargada e fundamentada que me permita tomar as melhores decisões em cada momento. Sei que nunca serei um 1ª Espada, mas também sei que o conhecimento é evolutivo, pelo que aspiro apenas a ser um bom jogador, fiável e regular.

O problema é que em competição, para além do estudo, da determinação e da disponibilidade, necessitamos de uma parceria que tenha os mesmos objectivos e foco. E essa é a parte mais difícil de resolver, pelo menos para mim até hoje, de forma consistente.

2 – Se tivessem de definir o bridge em apenas palavras, quais as que escolheriam?

ML: Desafio mental, competição e superação.

PS: Uma relação passional que nunca cansa, um exercício mental constante, uma aprendizagem permanente, uma oportunidade para conhecer pessoas e conviver, uma escola de vida.

Nunca é igual, e por isso continua a surpreender-nos todos os dias com novas situações e problemas para resolver, num processo de superação altamente motivador para mim.

3 – Quais os vossos principais focos nos projectos que vão comandar, a Mariana como Presidente da ARBL e o Pedro como Presidente da FPB?

ML: Enquanto Presidente da ARBL o meu grande foco será na captação de praticantes e na formação. Tanto através de iniciativas da ARBL como através de apoio aos clubes para esse efeito.

PS: A muito curto prazo, digamos até Março do próximo ano de acordo com os cenários mais optimistas, a grande prioridade é ganhar a confiança dos praticantes e tudo fazer para que voltem a frequentar os clubes e as competições, logo que possível.

Tal desiderato passa por criar as melhores condições em termos de espaços, onde as pessoas se sintam seguras, e onde seja possível cumprir, de forma escrupulosa as normas sanitárias em vigor. Felizmente que já há alguns exemplos em que, com disciplina e rigor, em espaços alargados, com separadores e material higienizável, é exequível voltar a jogar, em segurança.

Em conjunto com as AR’s e com os clubes, preparar cuidadosamente o arranque da época, dando primazia às provas de equipas, uma vez que nos dão mais garantias em termos de segurança (menos rotações e mudanças, intervalos entre os segmentos para higienização, etc); repensar os formatos das provas de pares, de modo que as mesmas sejam o mais seguras possível (p.ex. jogar sempre em barómetro, conforme já estabelecido) e programá-las mais para a 2ª metade do ano; ser muito rigoroso na selecção dos locais safe&clean que garantam as condições necessárias à realização destas provas desportivas individuais.

Depois de conseguirmos assegurar o arranque, temos como principal foco ao longo deste mandato o de garantir que o Bridge, enquanto modalidade federada amadora, tem uma massa crítica que permita a sua sustentabilidade a curto e médio prazo.

Não há futuro sem uma base de praticantes licenciados que assegurem, através da respectiva taxa, os recursos que permitam à Federação funcionar, organizar as provas do calendário nacional, apoiar a modalidade e contribuir para a formação de praticantes, professores e árbitros.

Daí que todos os nossos esforços devam ser, em primeiro lugar para fidelizar os actuais praticantes licenciados e procurar recuperar todos aqueles que já o tenham sido num dado momento. Em segundo lugar, captar e formar novos praticantes, e em terceiro lugar procurar aperfeiçoar e motivar todos os que, já tendo aprendido, não deram continuidade a essa formação.

Sendo certo que o principal esforço de captação e formação reside nos clubes, compete à Federação criar um sistema que incentive esses clubes a fixarem os praticantes que forem formando, através de uma tabela de incentivos baseada no número de provas em que esses praticantes participam, com progressividade e em função do respectivo nível (de clubes ou regionais).

De forma objectiva, o que pretendemos é ter 1.500 praticantes licenciados no final do nosso mandato, contra os actuais 1.000, ou seja, um crescimento de 50%.

Outra área importante e que irá exigir muita dedicação e trabalho é a denominada Alta Competição, matéria sempre muito sensível em qualquer mandato federativo, e sujeita a polémica qualquer que seja o modelo adoptado.

Dissemos no nosso Programa Eleitoral que, no âmbito da FPB, entendemos a Alta Competição como a representação oficial de Portugal ao nível de Selecções Nacionais nos diversos escalões das respectivas provas internacionais.

Tratando-se da representação do País, a participação nacional deve constituir o ponto mais alto da carreira de um desportista, e como tal da sua aspiração enquanto atleta praticante de uma modalidade.

Neste contexto, temos como princípio orientador de que essa participação, uma vez aceite de livre vontade, é um compromisso inegociável pelo período que vier a ser acordado, e apenas revogável por motivos de força maior.

Somos a favor da existência de uma estrutura técnica que vise coordenar os trabalhos de preparação das diferentes selecções nacionais, nos diferentes momentos requeridos pela competição: selecção e recrutamento, treino e respectiva metodologia, participação e assistência nas provas, estudo e análise dos resultados.

A partir do universo de praticantes que temos, é também nossa opinião que não há uma solução técnica única que sirva de igual forma as diferentes selecções em actividade (Juniores, Open, Feminina, Sénior, Mista).

Donde resulta que esta é uma matéria em que uma mesma metodologia e abordagem não é válida para todas as situações, pelo que temos de ser pragmáticos e tratar cada realidade de uma forma diferenciada, mas dentro dos princípios orientadores já enunciados: compromisso, programa de trabalho plurianual (em função dos ciclos de competição, mas nunca inferiores a 2 anos), orientação para objectivos quantificados.

Dada a sensibilidade do tema iremos, por maioria de razão, dialogar com todas as partes envolvidas, sem dogmas ou preconceitos.

4 – A captação de jovens para a modalidade tem sido um dos maiores problemas no desenvolvimento da modalidade. As solicitações são muitas, mas também a falta de inovação na abordagem e de imaginação nas propostas pode ser encarada como uma consequência deste desinteresse. Como pensam tentar dar a volta a esta situação?

ML: Acredito que as redes sociais podem ter um papel determinante em dar a conhecer aos jovens o bridge. A grande maioria das pessoas na nossa sociedade não faz ideia do que é o bridge, especialmente os mais novos. E como estamos na era das tecnologias, nada como aproveitá-las para a difusão da modalidade. Depois será também necessário garantir formação adequada aos jovens, que os estimule e os faça vincular à modalidade. E depois será também necessário garantir a sua integração na competição em Portugal e, por isso, a formação tem de incluir também uma parte dedicada apenas a bridge de competição como o ensino de boas práticas à mesa, rotações, questões de arbitragem mais comuns, entre outras.

Outra forma de dar a volta à situação e que é também um dos objectivos que a nossa direcção pretende alcançar, é o de fazer chegar o bridge às escolas enquanto actividade extra-curricular. Para isso, precisamos de ter um programa de formação completo que acompanhe estes jovens ao longo do seu percurso e que seja dinâmico e estimulante para garantir que se consegue reter os jovens na modalidade.

PS: Devo dizer que, por experiência profissional, o denominado target “jovens” é, de todos, o mais difícil de ser atingido, ou tocado, sob os mais diversos aspectos, incluindo o da comunicação.

Primeiro, porque é heterogéneo com comportamentos, atitudes e motivações muito diversas, donde há que segmentar em ensino básico (com 1º, 2º e 3º ciclos), secundário e universitário. Para este efeito deixemos de lado aqueles que sendo ainda jovens, já estão inseridos no mercado de trabalho, seja em estágios profissionais ou no ensino profissionalizante.

Necessariamente que as respostas terão de ser diferenciadas, pelo que ao nível escolar, diria a partir do 3º ciclo do ensino básico (8º e 9º anos), a resposta é utilizar como exemplo os casos de sucesso nacionais (presentes e passados) assim como os internacionais, levando o Mini Bridge às escolas. Sucesso atrai sucesso, e é a forma mais expedita de atrair e motivar escolas e agrupamentos escolares.

Estas iniciativas devem ser sempre realizadas nos próprios estabelecimentos, como parte das actividades extra- curriculares, com a criação pela FPB de um grupo de monitores certificados e com as necessárias competências. Para tal, teremos que estabelecer protocolos e avenças para colaboradores que estejam disponíveis e que cumpram um programa especificamente destinado a este fim, com objetivos claros e mensuráveis.

O caso das Universidades é mais complexo, mas a experiência demonstrou que a identificação de professores e monitores que joguem ou que já tenham jogado, é um bom indutor à entrada e ao contacto, quando acompanhados de roadshows in loco para divulgação e captação.

Por fim, a organização de núcleos nas Escolas e Universidades, com a criação de um quadro competitivo próprio para os aderentes com a realização de campeonatos inter-escolar.

Outro elemento a trabalhar, como parte da estratégia mais global, é o da comunicação utilizando as plataformas digitais como forma de divulgar o Bridge, com a produção ou adaptação de conteúdos mobilizadores e atractivos, mostrando o lado lúdico e social do Bridge.

5 – O bridge e os media ou a história de um “namoro” inconsequente. Como podemos levar o bridge ao espaço mediático?

ML: Penso que a grande dificuldade nesta questão é, como já referi, o facto de poucas pessoas conhecerem a modalidade. Parte do percurso terá de ser divulgar ao máximo a modalidade e também criar condições para se mostrar que o bridge é uma modalidade estimulante e acessível a todos. Quanto mais pessoas jogarem e tiverem interesse pela modalidade, mais fácil será levar o bridge ao espaço mediático.

 De qualquer forma, há já um fantástico trabalho a ser feito por alguns praticantes que regularmente disponibilizam problemas de bridge nos jornais e que considero ser já um passo importante de aproximação entre o bridge e os media.

O passo seguinte será o de comunicarmos atempadamente que iniciativas vamos desenvolver, dar a conhecer o calendário e tentar criar, muito através das redes sociais, um buzz pelo bridge que despertará inevitavelmente um interesse espontâneo pelos media.

PS: Definimos no Programa Eleitoral a área da Comunicação e Marketing como um dos 5 Pilares Estratégicos do nosso mandato, sabendo que irá requerer muita energia e criatividade para aplicar a estratégia definida.

Por isso criamos um pelouro específico sob a dependência directa do Presidente, e convidamos para a Direcção uma praticante (Fátima Alves) com um percurso de reconhecido mérito na área da Comunicação, enquanto jornalista profissional e de realizadora de programas.

O nosso objectivo é dar o máximo de visibilidade ao Bridge nacional, às provas nacionais e internacionais, aos feitos dos seus praticantes, aos resultados das selecções nacionais, à importância social e pedagógica do jogo, aos exemplos de pessoas de reconhecida relevância pública e a tudo o que de positivo possa ser utilizada a favor do Bridge.

Para atingir esse objectivo, vamos desenvolver uma política activa de informação e divulgação, usando para o efeito os meios próprios existentes (site, Facebook, press releases, newsletters, conteúdos de vídeo, publicidade) e parcerias que vamos estabelecer com os media, criando inclusive a figura de media partners.

Paralelamente, vamos criar a figura de Embaixadores do Bridge, onde convidamos personalidades de reconhecida notoriedade, e que sejam praticantes, a darem o seu testemunho, ou a contarem a sua história da importância que o jogo tem (ou teve) para eles.

Exemplos destas personalidades são Fernando Santos, Artur Santos Silva, António Pedro Vasconcelos, Paulo Branco, Miguel Sousa Tavares, Luísa Beltrão, Eduardo Barroso, etc.

Na área do Marketing vamos potenciar a relação com os actuais e futuros praticantes, que em si mesmo constituem uma comunidade, através das ferramentas associadas às plataformas próprias (site) ou a criar (Facebook e/ou outra a definir).

Faremos o chamado marketing directo (one-to-one approach) através das ferramentas de contacto disponíveis (sms, contacto telefónico, mail list) divulgando e promovendo as actividades da FPB junto dos praticantes. Será o chamado call to action.

6 – Os recursos de comunicação online são, indiscutivelmente, um meio a explorar. Têm alguma ideia em carteira para utilizar estes recursos de uma forma mais estruturada?

ML: O importante nesta fase é fazer chegar o bridge às pessoas, mostrar-lhes o que é e quão desafiante pode ser. Iremos desenvolver várias iniciativas de promoção do bridge para as diferentes plataformas, tanto para praticantes como para curiosos. E também criar uma comunicação apelativa com um cariz de sensibilização para a existência da modalidade e informativo quanto à sua prática.

PS: Creio que parte da resposta está contida no ponto anterior, ao qual acrescentaria que sim, temos uma estratégia digital que passa por uma utilização mais intensa e mais relacional com a comunidade dos praticantes, utilizando para as plataformas próprias existentes (site) e a criar.

Para desenvolver essa estratégia precisamos de pessoas dedicadas com conhecimento das ferramentas disponíveis, que saibam comunicar, editar e publicar.

Precisamos de produzir conteúdos que sejam relevantes para os praticantes presentes e futuros, seja através de produção própria, seja adaptando aquilo que de bom já foi feito por outros países.

Esses conteúdos devem cobrir os principais aspectos relacionados com o Bridge e a sua actividade, sejam notícias, entrevistas a jogadores com uma história para contar, reportagens de campeonatos, matérias mais técnicas, cursos online, promoção de provas e festivais.

A grande vantagem do digital sobre os media mais tradicionais, é que conseguimos medir o retorno do investimento feito através, entre outras medidas, da taxa de conversão.

Além disso, o digital funciona em rede e tem um lado viral que é passível de ser trabalhado, amplificando os resultados.

7 – Em tempos tão difíceis como os que estamos a viver, peço-vos uma mensagem de confiança aos praticantes sobre o retomar da actividade e uma ideia muito geral sobre o que pensam fazer para possibilitar essa retoma.

ML: O importante nesta altura é garantir que a retoma é feita com todas as medidas de segurança necessárias para que os praticantes sintam confiança em retomarem a modalidade. Da mesma forma que o país e o mundo não podem parar, o bridge também não e, por isso, tudo faremos para retomarmos a actividade no início de 2021 com toda a segurança e conforto para os praticantes.

PS: Para responder a esta questão vou usar uma frase de um poema que li muitos anos atrás e que diz: “Mesmo a mais negra noite tem a sua aurora, e de manhã todos os pássaros cantam”.

O que quero dizer é que embora os tempos sejam de desespero, de cansaço, de dificuldades acrescidas, sem um fim aparente à vista, há a certeza de que passado o negrume do pesadelo virá o bom tempo, e a vida retomará o seu curso.

Por isso a minha mensagem é de esperança e a expectativa muito positiva que ainda no decorrer do 1º trimestre de 2021 retomaremos a nossa actividade praticando a modalidade que nos apaixona a todos.

É com base nesta premissa que estamos a programar a época desportiva de 2021 e da nossa parte, enquanto responsáveis federativos, tudo faremos para garantir as melhores condições de segurança, distanciamento e higiene, aplicando os regulamentos e normas vigentes à medida que as regras actuais forem sendo flexibilizadas.

Conforme referido no ponto 3 passa muito pela existência de espaços adequados, onde as pessoas se sintam seguras, possam circular com a distância recomendada e onde seja possível cumprir, de forma escrupulosa todas restantes normas sanitárias em vigor.

Daí que para garantir a retoma e estabelecer a desejada confiança entre os praticantes, teremos de ser muito rigorosos na selecção dos locais safe&clean que garantam as condições necessárias à realização de provas desportivas individuais.

Obrigado pelo vosso tempo e, principalmente, pela vossa disponibilidade em assumir tão grande responsabilidade em tempo de tantas incertezas

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